LET'S GO RANGERS

O Madison Square Garden estava cheio, mas não lotado, para o jogo do time da casa, New York Rangers, contra o visitante, o Ottawa Senators. Pelo menos diz a Rosangela que o time canadense se chamava Ottawa Senators, ninguém sabe ao certo.

Compramos um cachorro-quente gigante tipicamente norte-americano e um dedo gigante daqueles que os nativos levantam durante as partidas de baseball, principalmente, mas também nas de hóquei. Dessa forma, quando o jogo começou parecíamos nativos, mas levou uns 5 minutos para descobrir quais eram os Rangers e quais eram os outros.

Porém estávamos muito mais empolgados que os nativos, que assistiam ao jogo meio passivamente, e não respondiam a nossas tentativas de puxar um grito de guerra de “Let’s go Rangers, let’s go Rangers!”. A Susy ainda não desistiu de puxá-los e, de vez em quando, ainda manda um “Let’s go Rangers!” dentro do nosso quarto no hotel, pra ver se a gente responde.

O jogo foi meio morno e estudado no primeiro tempo, com os canadenses pressionando o time da casa, que ficava acuado em seu campo. No segundo tempo, os Rangers conseguiram equilibrar o jogo e até ensaiaram uma pressão, acabaram sofrendo um gol.

Enquanto isso, a Susy ficou feliz por encontrar um garotinho hispano-hablante que respondia às suas tentativas de puxar gritos. E enquanto a Susy comemorava, os Senators se defenderiam enquanto o time de Nova Iorque atacava desesperadamente. E no final do segundo tempo ainda conseguiram empatar a partida num gol bastante comemorado pelos nativos.

Mas esse foi só um lampejo de participação da torcida, que ficou calada na maior parte do tempo, com singelos intervalos de “Let’s go Rangers!” (que não eram puxados pela Susy).

Quando pensávamos que o jogo ia acabar, descobrimos que o hóquei tem 3 tempos. No terceiro, a torcida toda levantou e fez barulho no momento em que, em um canto da quadra, os jogadores todos se reuniram e começaram uma briga. Em determinado momento, um dos jogadores do Rangers pegou o adversário pelo pescoço e colocou ele contra o vidro. O juiz não deixou por menos. Separou os dois, e deu seqüência ao jogo sem expulsar ninguém, não sobrou nem bronca pros brigões.

Na verdade, até agora, ou não entendemos as regras ou no hóquei pode tudo, até porrada deliberada por trás, desde que não se toque no capacete. Outra cena inusitada, foi uma porrada entre tacos que acabou quebrando o taco do jogador dos Senators que continuou defendendo normalmente até ir ao banco buscar outro.

Mas aparentemente a punição veio de imediato, pois a desconcentração causada pela briga acabou por resultar no segundo gol do Ottawa Senators, que ocorreu faltando dois minutos para o fim do terceiro tempo e, conseqüentemente, do jogo.

Aí o New York Rangers partiu pra o desespero, substituiu o goleiro por um jogador de linha e teve todos os jogadores no ataque pressionando o adversário e quase empatou em diversas oportunidades. Mas, num contra-ataque, o autor dos dois outros gols do Senators conseguiu se desvencilhar e acertar o disco dentro da goleira praticamente do meio de campo, completando aquilo que os americanos chamam de Hat-Trick, “truque do chapéu”. Como esse gol aconteceu faltando sete segundos para o fim da partida, só deu tempo da saída de bola e foi o fim do jogo.

Aí o estádio esvaziou e só nós ficamos, tirando fotos, enquanto a pista de hóquei era desmontada, já que hoje, no mesmo ginásio, haverá um jogo de basquete dos Knicks, ao qual também iremos.

Tutty (com ajuda do Oscar)