Era tarde da noite quando percebemos os primeiros sintomas de uma mudança inimaginável em nossas vidas. Nos agachamos, um pouco confusos, e observamos o que nos parecia ser... Uma luva (na época, éramos céticos e inocentes). Esse episódio passou perdido por gerações e gerações, até que, dentro de nossos corações, percebemos quatro corajosos aventureiros que viriam a perceber o imperceptível, pois seus olhos estavam aberto a uma realidade muito maior do que a maioria sequer pode imaginar.
Começamos, pois, a nos interessar tremendamente pelo assunto, mal conseguíamos dormir, nossas mãos transpiravam água fria, fria como as mão dos criadores do mistério: as pessoas que perdiam suas luvas.
A grande pergunta que orbitava nossas mentes jovens e ousadas era: por que? Por que tantas pessoas, de diferentes classes, cores, tamanhos, etnias, pensamentos, religiões, posições ideológicas, que bebiam diferentes formas de drinks de café na starbucks, que gostavam de músicas diferentes, que dançavam de formas diferentes, que ouviam diferente, viam diferente, falavam diferente e usam luvas diferentes. Por que essas pessoas insistiam em fazer a mesma coisa? Sendo essa coisa um ato tão vil, tão deprimente, debilitante... Por que as pessoas perdiam suas luvas, senhor? Por que?
Não conseguíamos parar de encontrar aquelas criaturas luvais, jogadas ao léu, como peças de roupas caídas de bolos de pessoas distraídas. Foi, então, que decidimos que o certo a fazer era registrar aqueles momentos, cada singular momento, para que posteriormente pudéssemos fazer nossa análise antropológica e, só então, entender minimamente o que estava acontecendo naquela cidade, quase dominada pelo caos dos perdedores de luvas.
Ouvimos algumas histórias e criamos a nossa própria versão. Acontece que sempre que a neve cai, na cidade de Nova York, montes e montes de neve são empilhadas por pessoas, hipnotizadas por luvas psiquicamente poderosas, até que a ocasião seja perfeita para o ataque. As luvas esperam até a madrugada, onde ninguém as pode ver, para atacar pessoas, roubar seu sangue, queimar seu corpo e enterrar as cinzas (calma gente, turistas estão seguros). Durante o dia, as luvas posam de inocentes, e passam o tempo observando suas potenciais vítimas (dica: café preto pra viagem é coisa de nativo). Elas tambem gostam de confundir turistas para que eles não durmam. Assim que a neve começa a derreter ou ser limpa pela prefeitura, as luvas voltam para seus esconderijos secretos e só atacam na próxima temporada de neve.
Ao longo do tempo, a neve foi sendo limpa pela prefeitura, ou derretida pela mãe natureza. Viajamos para algum outro lugar e, na volta, o sintoma já havia sido amenizado. Até hoje não sabemos o que causou tal anarquia terrivelmente assustadora. Tudo que sabemos é que, na calada da noite, ainda podemos ouvir aquelas luvas (criaturas monstruosas) se arrastando pela neve, fugindo de seus donos a procura de SANGUE.
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